domingo, 28 de junho de 2009

Sobre Dores e Delícias

Quando toda dor da vida é calada, anestesiada, escondida, você tenta suportar a dor intolerável, aprender o que se pode apreender dali. Ao invés de fugir do sofrimento, abrindo mão de tudo de bom que ele poderia trazer, opta por enfrentá-lo concentrada, atenta, tentando extrair dele com cada músculo de seu corpo o momento que o sucede. O momento de alegria, o momento de troca de sorrisos e de abraços, o momento de liberdades, de sentimentos livres, momento de o amor dizer que venceu. Talvez as forças que engendram leis tenham esquecido de te dizer que estamos em tempos de anular tudo o que dói. Tudo é satisfação e prazer, fácil, sedutora e encantadoramente. E eu admirando, com muita surpresa, você se concentrar na dor.

Não tolerar a dor: Vamos, é melhor parar, não vale a pena forçar a barra se seguir em frente e enfrentar só te faz mal. Ou pelo menos distraia o que fere com qualquer coisa prazerosa, pra maquiar e tornar suportável a dor.

E aí soa a resposta estranha: Não me distraia com nada que possa ser bom, nesse meu momento de dor. Estou me concentrando.

E eu só posso querer uma coisa, que é ser tua companhia, e estar de mãos dadas contigo quando você estiver enfrentando quimeráticos dragões, em pensamentos e atos, com essa ousadia de se concentrar no que te ataca, ao invés de fugir e só topar alívio. Segura em minha mão, tão forte quanto for a dor, porque você sabe melhor que eu que, depois de todas essas dificuldades, virão tempos bons para nós dois. E não estou falando de paraíso, estou falando de vida. De nossas vidas.

E você sabe tanto quanto eu que a vida dói. E que a vida é deliciosa.

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